Gosto de atravessar a rua na passadeira!

Às vezes sou condutora de viatura, outras vezes sou "peona" ou "peã" (agora que penso nisso, não sei qual é o feminino de peão...). E isto acontece com a grande parte dos condutores e peões que andam por aí. Dependendo da altura ou circunstância, ora são condutores, ora são peões; mas reparem que estou a falar exactamente das mesmas pessoas, são as mesmas pessoas que ora desempenham um papel, ora desempenham outro. E o que acontece é isso mesmo: as pessoas, ao desempenharem os seus papéis, assumem-nos com todas as suas características: as mais positivas e as mais negativas.
1. Vejamos um peão que precisa de ir ao banco que fica do outro lado da rua, e até tem uma passadeira 50 metros à sua esquerda e outra a 100 metros à sua direita. Parece óbvio o que o peão vai fazer: vai atravessar na passadeira que fica a 50 metros do local onde se encontra por ser mais próxima... ERRADO! O comum dos peões não faz isso, nem sequer opta pela outra passadeira. O comum dos peões atravessa a rua, para se dirigir ao banco, exactamente ali, no local onde se encontra, ignorando a existência das passadeiras (sendo duas, uma de cada lado; e uma delas encontra-se a escassos 50 metros!);
2. Temos agora um condutor, que passa junto daquele mesmo banco na sua viatura. O condutor até abranda porque se aproxima de uma passadeira (e deve pelo menos perceber se existe algum peão por ali, pois é junto da passadeira que ele espera encontrar peões). Depois de passar pela passadeira, então sim, atravessa à sua frente um peão, em passo acelerado (porque estava fora da passadeira e queria fazer aquela travessia o mais rapidamente possível). O condutor nem hesita, faz logo uso da sua buzina (que segundo o código deve ser usada em situações de perigo iminente); e ainda se põe a dirigir algumas palavras pouco simpáticas ao peão "não sabes que há passadeiras?", "merecias era que te passasse por cima"... e outras. Na maioria dos casos, o peão não ouve nenhum destes comentários.
Quantas vezes já alguém esteve num papel destes? (pode não ser um banco que está do outro lado da rua, pode ser outra coisa qualquer, concentrem-se na travessia)
É por essas e por outras que eu gosto de atravessar nas passadeiras... se todos gostassem, enquanto condutora, aborrecia-me menos e enquanto peã ou peona ou seja lá o que for, sempre penso que, em caso de atropelamento, poderia haver alguma indemnização para quem ficasse...

PS1: este post ficou um pouco dramático no final, mas confesso que este é um (ou são dois) receio(s) que tenho: ser atropelada ou atropelar alguém.

PS2: apesar de passar a vida na brincadeira (quem me conhece sabe bem como é dífícil falar a sério comigo), há assuntos dos quais não se pode fugir e apelo à reflexão sobre este...

Digam lá comigo: GOSTO DE ATRAVESSAR A RUA NA PASSADEIRA!