O paradoxo das visitas

Estudamos regras de etiqueta, queremos "saber receber", pretendemos receber da melhor forma possível, estudar todas as regras das cerimónas para vermos quais podemos aplicar, queremos agradar às nossas visitas, oferecer-lhes o que temos de melhor, até fazemos cursos sobre "Como receber", andamos em rebuliço porque vamos ter visitas em casa... deixar tudo a brilhar, perceber se está tudo arrumado, se nada está fora do sítio, se o odor da casa é agradável, enfim... uma canseira!

Mas, geralmente, o que acontece, se pensarmos bem, quando sentimos que somos melhor recebidos, é naquelas alturas em que os nossos amigos nos telefonam e convidam para jantar e nos dizem:
- "Eu não vou fazer cerimónia, tu és da casa!"
Era mesmo isso!
Só queria ouvir isso!
Esse é o apogeu para quem visita: "Tu és da casa!"
Haverá alguma coisa melhor, do que ser recebido, em casa de amigos, num dia comum, com os hábitos comuns, sem que praticamente nada se altere, como se fossemos, de facto, parte integrante dos hábitos daquela casa? (tenho que dizer "praticamente nada se altere", porque um apontamentozito de uma sobremesa ou de um copo de vinho partilhado, caem sempre muitissimo bem :-))
Deixo neste papelinho amarelo que gosto de ser recebida por quem me diz e faz: "Não há cerimónia, tu és da casa!" - sabe tão bem...

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